segunda-feira, 31 de março de 2025

PLANEJAMENTO FAMILIAR: Cresce no RN, o número de jovens, sem filhos que optam pela vasectomia

Tem se tornado cada vez mais comum o número de jovens sem filhos optando pela vasectomia. Segundo dados da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), entre os anos de 2022 e 2024, o número de procedimentos aumentou de 195 para 423 no estado. Já no Brasil, neste mesmo período, foi registrado um aumento de 40%, com um salto de 67 mil para 95 mil cirurgias realizadas no país, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

O crescimento está condicionado às mudanças recentes na legislação do planejamento familiar, que reduziram a idade mínima de 25 para 21 anos, independentemente do número de filhos e sem precisar do consentimento expresso de ambos os cônjuges.

Os dados não fazem distinção entre homens com ou sem filhos, mas é um cenário observado de perto pelo urologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN), Maurício Ferreira. Segundo ele, há cada vez mais pacientes jovens e até mesmo sem filhos, procurando a esterilização masculina voluntariamente. Porém, ressalta que a maioria dos recebidos são jovens com apenas um filho.

“Atualmente tenho recebido pacientes na faixa dos 25-30 anos, mas ainda não são a maioria no consultório”, completa o médico.

Questionado em relação aos motivos apresentados pelos pacientes que manifestam a vontade em realizar o procedimento, Maurício revela que muitos alegam não ter pretensões em ter filhos em nenhum momento da vida. Assim, optam pela vasectomia como um método definitivo para essa situação. Além disso, argumentam questões como dificuldade financeira, que inviabiliza assegurar o suporte adequado para uma criança. Já outros argumentam que não desejam ter mais de um filho.


“A maioria alega buscar a esterilização pois não tem intenção de ter prole ou não desejam ter mais de um filho. Alegam dificuldades em manter um adequado suporte aos filhos”, descreve Ferreira.

A vasectomia é um procedimento médico de esterilização masculina que tem como objetivo interromper o transporte de espermatozoides dos testículos até o líquido ejaculado. Juntamente com a laqueadura tubária, realizada nas mulheres, é o método contraceptivo de maior eficiência — maior do que 99%. “Através dessa cirurgia realiza-se a ressecção de segmento e ligadura dos ductos deferentes (canal que transporta os espermatozoides para serem liberados pelo esperma)”, diz Ferreira.

O procedimento reduz apenas de 10 a 20% do volume ejaculado, visto que não haverá espermatozoides no esperma, mas permanecem outros líquidos produzidos. No entanto, essa redução é praticamente imperceptível, explica Maurício. Em relação à ereção, libido e à produção hormonal, ele pontua que não há alterações por conta da esterilização, permanecendo da mesma maneira que estava antes da cirurgia.

Após a realização da vasectomia, recomenda-se ao paciente um repouso relativo, sem realizar grandes esforços físicos e abstinência sexual por cerca de sete dias. Durante o pós-operatório imediato, o homem deve aplicar compressas frias na bolsa escrotal e fazer uso de analgésicos.

“Importante lembrar que deve-se manter outro método contraceptivo por cerca de 60 a 90 dias após a cirurgia pelo risco de ainda poder haver espermatozoides no esperma. O paciente deverá realizar um exame de espermograma após esse período para confirmação de esterilização e liberação para relações sexuais sem outros métodos contraceptivos”, reforça o urologista.

Maurício explica que há o processo de reversão de vasectomia, porém, trata-se de algo mais complexo. Ele esclarece que as taxas de sucesso do procedimento diminuem quanto maior for o tempo decorrido desde a realização da esterilização.

O objetivo da cirurgia é reconectar os canais deferentes que foram cortados ou bloqueados durante a vasectomia, permitindo que os espermatozoides voltem a ser transportados para o sêmen, possibilitando a fertilidade novamente.

A Lei nº 9.263/1996 estabelece o planejamento familiar como um direito e orienta ações de atenção sexual e reprodutiva nos serviços de saúde do Brasil, incluindo a contracepção. Essa norma regula o direito de homens e mulheres decidirem livremente sobre quantos filhos querem ter e quando desejam tê-los. Em 2022, a Lei nº 9.263/1996 foi alterada pela Lei nº 14.443/2022 para determinar as condições de acesso à esterilização voluntária.

Entre as mudanças instituídas nos requisitos de elegibilidade está a redução da idade mínima de 25 para 21 anos, independentemente do número de filhos vivos.

FONTE: Portal Tribuna do Norte 







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