Os números de mortes violentas no Rio Grande do Norte tiveram uma redução, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (24). O Estado registrou 833 mortes violentas intencionais em 2024, contra 1.042 em 2023. A redução é de 20%, com o número sendo o menor desde 2012. Além disso, quando se compara com 2017, ano em que o Estado atingiu o maior número da década (2.355 mortes), a queda coloca o RN entre os dois estados do Brasil que mais reduziram mortes violentas, em primeiro luga no Nordeste.
No histórico, o RN registrou, em 2012, 388 Mortes Violentas Intencionais. Desde então, os números não pararam de subir, atingindo um platô em 2017, com 2.355 mortes, com taxa para 100 mil habitantes de 70,1. Aquele ano é considerado por especialistas em violência urbana e integrantes da cúpula da segurança pública potiguar como um dos mais violentos da história, com mortes e crimes violentos em função da guerra de facções que se intensificou em decorrência do episódio conhecido como Massacre de Alcaçuz. Naquele ano, 27 presos morreram numa penitenciária estadual em uma batalha campal entre facções criminosas rivais.
Segundo os dados mais recentes, o RN registrou 655 homicídios dolosos em 2024, contra 838 em 2023, queda de 22,1%. Crimes como latrocínios (-28,3%) e lesões corporais seguidas de morte (-10,3%) também apresentaram reduções. Mesmo com as quedas nos números absolutos, a taxa de mortes por 100 mil habitantes do RN ficou em 24,2 em 2024, em 7º no Nordeste e em 12º lugar entre os 27 estados do Brasil.
A redução no RN também foi observada no Brasil. O número de mortes violentas intencionais (MVI) caiu 5,4% em 2024, num total de 44.127 vítimas, taxa de 20,8 por grupo de 100 mil habitantes. Em 2023, este número foi de 46.441 mortes. O número também foi o menor desde 2012.
Para Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, “os dados apresentados neste Anuário revelam que o Brasil vivencia, desde 2018, uma tendência consistente de queda nas taxas de mortes violentas intencionais. Essa trajetória positiva é reflexo de múltiplos fatores, entre eles a implementação de políticas públicas baseadas em evidências, programas de prevenção à violência, transformações demográficas e alterações nas dinâmicas do crime organizado. No entanto, persistem bolsões de extrema violência, sobretudo em cidades do Nordeste, onde disputas entre facções criminosas continuam produzindo taxas alarmantes de homicídios”.
Em relação a crimes contra o patrimônio, como roubos e furtos de veículos, a redução entre 2024 e 2023 foi de 13,3%, saindo de 5.682 ocorrências para 5.163. Roubos a estabelecimentos comerciais também caíram, de 1.060 ocorrências para 729 registros, queda de 31,4%. Em relação a roubos de residências e roubos a transeuntes, as quedas foram de 16,4% e 17,5%, respectivamente.
Para o sociólogo e especialista em segurança pública Francisco Augusto Cruz, a redução consistente nos homicídios e condutas violentas letais e intencionais no RN pode estar atribuída a fatores como fortalecimento das forças policiais, controle do sistema prisional e integração institucional. Ele cita que houve, nos últimos anos, investimento em novos batalhões, aumento de efetivos nas polícias Militar e Civil e aquisição de viaturas e armamentos modernos, ampliando “presença estratégica”, em eventos e localidades antes pouco cobertas.
Aliado a isso, o especialista conta que o isolamento de lideranças criminosas e controles mais rígidos no sistema penal também são medidas importantes para desarticular o comando dos crimes a partir dos presídios.
“No caso dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) no RN, o período de 2015 a 2018 refletiu um agravamento conjuntural da segurança pública, marcado por crescimento das facções criminosas, disputas territoriais intensificadas, falência de políticas públicas integradas, uma polícia sucateada e um sistema prisional fragilizado. A partir de 2019, com o fortalecimento institucional do Estado, investimentos em policiamento ostensivo, inteligência, controle prisional e gestão pública mais eficaz, foi possível observar uma inflexão nessa curva. A redução dos homicídios pode, portanto, ser interpretada como uma resposta da estrutura estatal à pressão social e ao colapso anterior, produzindo uma reorganização dos agentes da violência e reequilibrando os conflitos sociais de forma menos letal”, observa.
FONTE: Portal Tribuna do Norte

Difícil de acreditar....
ResponderExcluir