As inscrições para a primeira edição da Prova Nacional Docente (PND), avaliação criada pelo Ministério da Educação (MEC) para apoiar concursos e seleções de professores da educação básica, começaram nesta segunda-feira (14) e seguem até o dia 25 de julho de 2025. Os interessados devem se inscrever exclusivamente pelo Sistema PND, disponível no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A taxa de inscrição é de R$ 85 para quem não for isento.
O exame será aplicado no dia 26 de outubro e pode ser utilizado por redes municipais, estaduais e federal como fase de concursos públicos ou processos seletivos. Segundo o edital, podem participar estudantes que concluem a licenciatura este ano e que estejam inscritos no Enade 2025, além de outros formados interessados em ingressar no magistério por meio de processos seletivos a partir de 2026, em entes federativos que aderiram à prova.
Potencial de transformação na seleção de professores
Para a coordenadora de Políticas Educacionais da organização Todos Pela Educação, Natália Fregonesi, a prova representa uma mudança significativa na forma como os docentes são avaliados nos concursos. “A prova nacional tem um grande potencial para as políticas docentes, especialmente, olhando para esse apoio que ela vai dar às redes municipais e estaduais em seus processos de seleção”, avaliou.
Segundo Fregonesi, um dos grandes avanços da iniciativa é a possibilidade de os sistemas de ensino utilizarem a PND como etapa inicial em concursos, seguida por provas práticas que avaliem habilidades pedagógicas. “Acreditamos que esse é o modelo com maior potencial. Além disso, pode qualificar também a seleção de professores temporários, hoje ainda baseada majoritariamente em titulação e tempo de serviço, o que nem sempre reflete a real competência didática”, afirmou.
Regularidade e economia para redes de ensino
Um dos benefícios diretos da implementação da PND, de acordo com a especialista, é a regularidade dos processos seletivos nas redes públicas, algo que hoje ainda é raro. O MEC estima que concursos ocorrem, em média, a cada 7,5 anos nas redes municipais e a cada 5 anos nas estaduais. Com uma prova anual, como prevê o modelo da PND, será possível prever e planejar seleções com mais frequência e qualidade.
Fregonesi também destacou o potencial de redução de custos administrativos com a utilização da prova nacional como primeira etapa dos certames. “As redes economizam recursos humanos, tempo e até mesmo contratação de bancas especializadas. Com a PND como base, é possível focar melhor nas etapas práticas e na seleção mais qualificada dos candidatos”, explicou.
Diagnóstico para formação continuada
Além de servir à admissão de novos docentes, os resultados da PND poderão ajudar na identificação de lacunas na formação inicial, fornecendo subsídios para a elaboração de programas de formação continuada. “Se esses professores estão chegando nas redes com algumas fragilidades, é preciso que isso seja identificado e corrigido na formação que a rede oferece. Esse é um papel estratégico da PND”, afirmou Fregonesi.
Alta adesão e apoio transversal
Mesmo sendo uma política nova, a PND já obteve adesão de 22 estados e mais de 1,5 mil municípios. “É um número expressivo. Inclusive, estados com governos de oposição aderiram, como São Paulo. Isso demonstra que a proposta foi vista como técnica e útil por gestores de diferentes espectros políticos”, ressaltou a coordenadora.
Embora ainda existam desafios, como o cumprimento de prazos apertados e o risco de uso da PND apenas para contratos temporários, a avaliação da Todos Pela Educação é positiva. Para Fregonesi, a política dialoga com uma agenda mais ampla do MEC: “É notável que esse governo tem tentado trazer políticas estruturantes para a educação. O programa Mais Professores para o Brasil, que inclui a PND, é um exemplo de abordagem sistêmica para valorizar a carreira docente.”
FONTE: O Poti News
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