Começou no dia 17 de março e vai até 30 de maio o prazo para entrega da Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) 2025, referente ao ano-calendário de 2024. A Receita Federal estima o recebimento de cerca de 46,2 milhões de declarações neste período.
Entre os pontos que mais geram dúvidas no preenchimento do documento está a escolha do modelo de declaração e a inclusão correta de dependentes e despesas dedutíveis. Compreender esses critérios pode garantir ao contribuinte redução no valor a pagar ou aumento na restituição do imposto.
Modelos de declaração: simplificado ou completo
No modelo simplificado, é aplicado automaticamente um abatimento de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado a R$ 16.754,34. Essa opção é indicada para quem tem poucas despesas dedutíveis.
Já na declaração completa, o contribuinte pode informar gastos com saúde, educação, previdência privada, entre outros, desde que comprove cada um. É ideal para quem possui maior volume de despesas dedutíveis.
Segundo dados da Receita Federal, 56% das declarações enviadas em 2024 foram pelo modelo simplificado, enquanto 44% optaram pelo modelo completo com deduções legais.
Quais despesas são dedutíveis no IRPF?
- Consultas médicas e odontológicas;
- Psicólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas;
- Internações hospitalares e exames laboratoriais;
- Plano de saúde, desde que pagos diretamente pelo contribuinte.
Já os gastos com educação são limitados a R$ 3.561,50 por dependente, por ano. Podem ser incluídas mensalidades de ensino infantil, fundamental, médio, superior (graduação e pós-graduação) e cursos técnicos profissionalizantes.
Não são dedutíveis gastos com transporte escolar, uniformes, materiais didáticos ou cursos extracurriculares.
Como incluir dependentes e reduzir o IR
Entre os principais dependentes que podem ser incluídos estão:
- Cônjuge ou companheiro(a), desde que haja filho em comum ou convivência superior a cinco anos;
- Filhos ou enteados até 21 anos, ou até 24 anos se estiverem cursando ensino superior ou técnico;
- Filhos ou enteados de qualquer idade, caso tenham deficiência que os torne incapazes para o trabalho;
- Pais, avós e bisavós, se tiverem rendimentos até o limite de isenção (R$ 24.511,92 em 2024);
- Irmãos, netos ou bisnetos, sem arrimo dos pais, até 21 anos ou 24 anos em caso de estudos;
- Menor pobre sob guarda judicial e pessoas incapazes sob tutela ou curatela judicial do contribuinte.
Vale lembrar que, ao declarar um dependente, todos os rendimentos, bens e despesas dele também devem ser incluídos na declaração do titular.
Riscos de erro na inclusão de dependentes
Informações incorretas sobre dependentes ou despesas podem levar o contribuinte à malha fina, atrasando a restituição ou gerando cobrança adicional de imposto com multa e juros.
Um erro comum, por exemplo, é a inclusão de dependentes que não atendem aos critérios da Receita Federal, como filhos maiores sem vínculo de estudo ou sem deficiência. Outro risco é declarar despesas sem comprovação documental, especialmente na área de saúde.
Para evitar problemas, é recomendável reunir toda a documentação antes de iniciar o preenchimento e revisar cuidadosamente os dados informados.
Quando optar pela declaração completa
O professor Gilder Daniel Torres, do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera, recomenda a declaração completa para quem tem despesas significativas nas áreas de saúde, educação ou previdência privada. "Permite detalhar todos os gastos e obter maior restituição", afirma.
Já a professora Ahiram Cardoso, da Unime, ressalta que a opção mais vantajosa depende da realidade financeira de cada contribuinte. “Na simplificada, o desconto é automático, mas quem tem despesas elevadas pode se beneficiar mais da completa, desde que consiga comprová-las”, orienta.
Como saber qual modelo é mais vantajoso?
O próprio sistema da Receita Federal realiza o comparativo entre os dois modelos durante o preenchimento. É possível visualizar, em tempo real, qual das opções resultará em maior restituição ou menor valor a pagar.
Ainda assim, é importante preencher todos os campos com atenção, especialmente no caso de optar pelo modelo completo, para garantir a validade das deduções.
Importância da organização documental
Para evitar erros e garantir todos os benefícios permitidos por lei, o contribuinte deve manter em arquivo os seguintes documentos:
- Comprovantes de despesas médicas e educacionais;
- Informes de rendimentos do contribuinte e de seus dependentes;
- Recibos de pagamentos realizados à previdência privada;
- Documentação que comprove a condição de dependência.
Esses comprovantes devem ser guardados por, no mínimo, cinco anos após a entrega da declaração, pois podem ser exigidos em eventual fiscalização.
Atenção aos detalhes pode fazer diferença no IR
Entender as regras para dedução e inclusão de dependentes é fundamental para não cair na malha fina e pagar menos Imposto de Renda. A escolha entre o modelo simplificado e o completo deve considerar o volume de despesas dedutíveis e a possibilidade de comprovação.
Organizar os documentos e utilizar corretamente os campos da declaração são atitudes que garantem segurança fiscal e, muitas vezes, uma restituição mais vantajosa.
FONTE: Jornal Contábeis

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